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sábado, 17 de junho de 2017

Britânicos no Funchal

Visto que já nos encontramos em meados do mês de Junho, ou seja em plena época baixa no que toca ao movimento de navios de cruzeiro no porto do Funchal, efectivamente acabam por ser os paquetes a operar maioritariamente para o mercado britânico a proporcionar um pouco mais de vida nos meses de Verão, neste caso os que registam o maior número de escalas no porto da capital madeirense nesta época do ano, ao realizar na sua grande maioria itinerários nesta zona do Atlântico.
Como tal, esta semana, entre os dias 11 e 14 de Junho, estiveram na baía funchalense três paquetes que iniciaram os respectivos cruzeiros em portos britânicos e consequentemente com supremacia de passageiros dessa nacionalidade a bordo.
AZURA no Domingo passado a fazer companhia ao MONGE da Marinha Francesa, no Funchal.
O AZURA da P&O Cruises foi o primeiro no Domingo passado, a realizar um itinerário de 12 noites baseado em Southampton,  numa típica escala de um dia em porto. Chegou de manhã cedo oriundo de Santa Cruz de La Palma (Canárias) e partiu à tarde para Lisboa.
No dia seguinte, Segunda-Feira dia 12, chegava ao início da manhã o QUEEN VICTORIA da Cunard, proveniente de Southampton, igualmente o seu porto base neste cruzeiro de 14 noites pelas ilhas Canárias e Madeira. Na sua escala mais recente no Funchal, pernoitou para o dia seguinte, largando pelas 12:00 rumo a La Palma.
Foi a primeira vez que o navio esteve cá a mostrar a sua "nova" popa, alongada na zona do casario e dispondo agora de mais camarotes com varanda, estando desta forma mais idêntico ao QUEEN ELIZABETH. Acabou por ser a intervenção mais significativa da revitalização recente a que se submeteu o QV na doca seca dos estaleiros de Fincantieri em Palermo, entre os dias 5 de Maio e 4 de Junho, onde alguns dos espaços interiores e exteriores foram também renovados.
Por fim no dia 14, Quarta-Feira, foi a vez do BOUDICCA, da Fred. Olsen Cruise Lines, fazer escala no Funchal no âmbito de um cruzeiro transatlântico de e para Liverpool com a duração de 26 noites. O paquete de 1973 chegou pela manhã procedente de Leixões e largou ao final da tarde para Ponta Delgada, tendo mais uma escala prevista no arquipélago açoriano, na Horta, antes de iniciar a travessia atlântica rumo a St. George, onde fará uma escala de dois dias, e de seguida em Hamilton para uma estadia de três dias.
Regressa ao Reino Unido no início de Julho, novamente via Açores, desta feita pelas ilhas Flores e Terceira.
Fotografias da autoria de João Abreu, salvo referência contrária. 
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quinta-feira, 8 de junho de 2017

Manhã de movimento no porto do Funchal

A manhã de hoje no porto do Funchal foi uma daquelas capazes de entusiasmar quem, de uma forma simples e genuína, gosta de observar e fotografar navios. O mar estava chão, a luz excelente e felizmente lá apareci eu de máquina ao pescoço para registar o movimento que se seguiu.
Primeiro largou o ferry local, LOBO MARINHO, como habitual pelas 8:00 rumo ao Porto Santo, e à medida que deixava a "pontinha" para trás cruzou-se a estibordo, embora ainda a uma grande distância, com o navio de ensaios e telemedidas MONGE, da Marinha Francesa, que aguardava ao largo para entrar no porto. Dito cujo que falaremos melhor adiante noutro artigo, acompanhado de mais imagens.
Pouco depois, mais a leste, o ferry português registado na Madeira cruzou-se desta feita com o navio areeiro ANJOS, a caminho do porto para atracar precisamente no cais 1, onde se situa a única rampa RO/RO do Funchal.
Por fim o MONGE preparava-se para iniciar a sua manobra de entrada, e para o efeito requisitou o apoio de dois rebocadores dos Portos da Madeira, PONTA DO PARGO, que se deslocou desde o Caniçal, e o CTE. PASSOS GOUVEIA. Este último ao sair do porto juntamente com a lancha de pilotos ILHÉU DO LIDO, passou ao lado de outro rebocador, neste caso um bem maior de alto mar, o RED SEA FOS registado no Panamá, que desde Setembro do ano passado tem estado presente na baía do Funchal.
Posto isto só temos a concluir que realmente não há melhor forma de começar o dia!
Fotografias da autoria de João Abreu, salvo referência contrária. 
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sexta-feira, 26 de maio de 2017

INDEPENDENCE OF THE SEAS reúne-se com antigo colega de frota no Funchal

Desde os anos 80 até os dias de hoje a indústria dos cruzeiros tem verificado uma evolução constante, o aumento da procura por este tipo de férias tem levado às principais empresas do sector a investir em maior tonelagem e capacidade de acomodação. Não seria de admirar, portanto, que alguns navios, outrora dos mais recentes e também dos maiores do Mundo, fossem ficando para trás com o passar do tempo, como acontece actualmente com os dois grandes grupos norte-americanos, a Carnival Corporation e a Royal Caribbean International.
Ambas com uma vasta frota de paquetes em serviço e com diversas empresas subsidiárias sob a sua tutela, o processo natural seria transferir unidades mais antigas para as referidas filiais, algo que temos verificado precisamente nestes últimos anos.
Um dos muitos exemplos disso é o antigo MONARCH OF THE SEAS, lançado no início da década de 90 pela Royal Caribbean sendo na altura um dos maiores paquetes do Mundo, e que hoje em dia navega com as cores da Pullmantur, subsidiária sediada em Espanha, renomeado simplesmente de MONARCH.
Na passada Terça-Feira, dia 23 de Maio, fez a sua escala inaugural no porto do Funchal, e curiosamente esteve acompanhado pelo INDEPENDENCE OF THE SEAS, que foi seu colega de frota entre 2008 e 2013, e o maior navio de passageiros do Mundo quando foi lançado.
Um encontro em que foi também possível constatar semelhanças entre os dois paquetes, como as superfícies vidradas em verde e o salão panorâmico na chaminé, linhas e características que naturalmente acabam por servir de inspiração para construções futuras, apesar da eventual evolução da construção naval no que toca aos navios de cruzeiro. Notou-se por exemplo a diferença abismal de camarotes com varanda entre ambos.
Acontecimento que motivou-me a uma ronda por alguns dos miradouros e pontos altos do Funchal para registar estes dois ex. colegas da Royal Caribbean juntos, proa com proa, circuito que pelas 15:00 culminou junto do Forte de São João Baptista (vulgo Forte do Pico ou Pico Rádio), lá assistindo a uma bela troca de apitos, à medida que o INDEPENDENCE OF THE SEAS passava pelo MONARCH, no momento da sua largada rumo ao Norte de Espanha, nomeadamente para o porto da Corunha.
Fotografias da autoria de João Abreu, salvo referência contrária. 
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domingo, 21 de maio de 2017

Lança-minas HÄMEENMAA da Marinha Finlandesa

Recentemente, entre os dias 14 e 17 de Maio, fez escala no porto do Funchal o navio lança-minas da Marinha de Guerra Finlandesa, HÄMEENMAA (FNS - 02) no âmbito de uma visita oficial na Região.
Durante a sua estadia no cais norte do porto, esteve bem apresentável embandeirado da proa à popa, algo que já vai sendo raro de observar em navios de cruzeiro quanto mais em navios militares.
Singularidade que motivou-me a várias idas ao porto na passada terça-feira, dia 16 de Maio, para efectuar alguns registos, os primeiros ao início da tarde, pelo que lá dei início à tirada a pé num dia quente de sol até ao Forte da Nossa Senhora da Conceição (hoje em dia mais conhecido por Nini Design Center). Ao final da tarde acabaria por voltar junto do navio para realizar alguns pormenores em condições mais favoráveis de luz.
E como se isso não bastasse, voltei novamente ao "Nini" na penumbra para uns registos nocturnos, visto que o navio à noite apresentava uma grinalda, a primeira vez que vi algo assim em navios de guerra, isto se até agora não me escapou nada e se a memória não estiver já a falhar.
Sobre o HÄMEENMAA, foi construído nos estaleiros finlandeses Finyards em Rauma (actualmente extintos), a sua quilha foi assente em Abril de 1991 e o lançamento à água aconteceu em Novembro desse ano. Por fim o navio acabaria por ser comissionado ao serviço da Marinha Naval Finlandesa em Abril de 1992, como a primeira unidade da classe a que dá o nome. A segunda e última unidade, UUSIMAA (FNS - 05), seria comissionada em Dezembro desse mesmo ano.
Ostentam cada uma 1,450 mil TAB, 77 metros de comprimento, 11,6 metros de boca e um calado de 3 metros. A nível da guarnição, podem acomodar até 60 elementos.
Inicialmente ambos os navios foram projectados com vista ao lançamento de minas no Báltico, embora também possam exercer funções de patrulha, escolta e missões de transporte marítimo e de cariz anti-submarino.
Em prol das suas características principais, estes navios podem operar com quatro grades de minas através da popa, que no total estão aptas para lançar entre 100 a 150 minas no mar.
No que toca ao restante armamento, as unidades da classe Hämeenmaa estão dotadas de uma peça fixa de 57 mm Bofors, capaz de disparar 220 munições por minuto com um alcance efectivo de 8,500 metros. Conta ainda com duas peças de menor calibre (12,7 mm) e dois lança-granadas fixos.
Dispõe também de dois lança-foguetes RBU-1200 ASROC, propícios para o ataque anti-submarino.
Para além disso e fruto de uma revitalização a que ambos os navios foram alvo entre 2006-07 em Rauma, estão igualmente equipados com o sistema Umkhonto-IR SAM, que consiste no lançamento vertical de oito mísseis com um alcance de 12 km, ideal para o combate anti-aéreo.
Tanto o HÄMEENMAA como o UUSIMAA, foram os primeiros navios da Marinha Finlandesa a possuírem capacidades furtivas, algo que tem sido melhorado com o tempo. Em 2006 foram implementados sistemas de auto-defesa naval que lhes permitem proteger-se dos mais avançados mísseis guiados anti-superfície, lançado "iscos/armadilhas" (decoys) para o ar em diversos pontos com o intuito de desviar os mísseis das suas posições.
Os dois lança-minas estão dotados de dois motores Diesel Wärtsila Vasa 16V22 capazes de gerar conjuntamente 2,600 Kw, pelo que impulsionados pelos seus dois hélices podem atingir uma velocidade máxima de 20 nós.
Fotografias da autoria de João Abreu, salvo referência contrária. 
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sábado, 20 de maio de 2017

AMERIGO VESPUCCI - Emblemático navio escola ao serviço de Itália

Sábado, dia 6 de Maio de 2017, a manhã começara bem cinzenta na baía do Funchal a ameaçar chuva, que não tardou em aparecer pouco depois. Ao longe aproximando-se de sul, avistava-se um grande veleiro de três mastros que a pouco e pouco ia dando nas vistas, escoltado pelos dois rebocadores dos Portos da Madeira.
Era nada mais nada menos que o AMERIGO VESPUCCI, emblemático navio escola da Marinha Italiana e a mais antiga unidade a navegar ao serviço da mesma, cujas linhas e decoração ímpares, remetem-nos para o estilo das antigas fragatas do Séc. XIX.
Já não visitava o porto da capital madeirense há 28 anos, tendo a sua última escala ocorrido em 1989, e este regresso aconteceu no decurso de uma campanha de instrução comemorativa dos 150 anos da fundação do Canadá, iniciada no passado dia 19 de Abril no seu porto base de La Spezia. Antes do Funchal escalou ainda o porto português de Sines, pelo que agora seguem-se uma série de visitas no outro lado do oceano; Bermudas (Hamilton), Canadá (Halifax, Montreal, Quebeque), E.U.A (Boston, Nova Iorque), regressando depois ao velho continente via Ponta Delgada, Açores antes de escalar alguns portos no Mediterrâneo (Málaga, Barcelona, Portoferraio) e terminar a viagem a 23 de Setembro em Livorno.
Itinerário da presente campanha de instrução do AMERIGO VESPUCCI. Imagem: Marinha Italiana.
A campanha descrita acima, uma de inúmeras que o AMERIGO VESPUCCI já realizou ao longo da sua vasta carreira, é bem demonstrativa da grande importância que este navio escola representa para as novas gerações de futuros oficiais da Marinha de Guerra. Está maioritariamente ao serviço da Academia Naval da Marinha, embora sejam também admitidos alunos da escola naval e militar Francesco Morosini, e membros de várias associações náuticas, a exemplo da Liga Naval Italiana e da Sail Training Association.
Para além disso, o AMERIGO VESPUCCI desempenha outras funções de relevo, pois é igualmente visto como uma embaixada flutuante, em virtude dos diversos eventos de cariz oficial que realiza Mundo fora em prol da bandeira que ostenta.
Outro dos seus nobres horizontes, é sensibilizar e promover por entre as camadas mais jovens, o respeito e preservação do meio ambiente, estando dessa forma em constante parceria com associações como a WWF, Marevivo Association e Unicef.
Construído pelos estaleiros reais de Castellammare di Stabia em Neapel, segundo o projecto do Engº Naval Francesco Rotundi, a sua quilha foi assente a 12 de Maio de 1930, tendo sido lançado à água e comissionado no ano seguinte, a 22 de Fevereiro e 6 de Junho respectivamente. Não tardou para que então em Julho de 1931, iniciasse a sua primeira viagem de instrução com cadetes no Norte da Europa.
Para todos os efeitos, na altura o AMERIGO VESPUCCI juntamente com o seu gémeo CRISTOFORO COLOMBO de 1928, representavam uma importante modernização no treino de cadetes, pois era de uma consideração vital que essa instrução fosse feita a bordo de um veleiro, visto que neles adquirem os conhecimentos da navegação tradicional, o que por si só é de uma grande relevância, mesmo ao governar navios modernos.
Pintura deixada pela guarnição no muro do porto do Funchal.
Sobre o CRISTOFORO COLOMBO, o mesmo infelizmente não teve uma vida tão longa como o seu gémeo, após a 2ª Guerra Mundial foi cedido pelos italianos, ficando apresado de guerra dos russos, que o renomearam DUNAY. Assim manteve-se até 1971, tendo sido desmantelado no ano seguinte em Odessa.
Relativamente ao mais afortunado AMERIGO VESPUCCI, apresenta as seguintes características: 4,100 mil toneladas de deslocamento, 70 metros de comprimento (101 m. com gurupés), 15 metros de largura (21 m. com embarcações auxiliares) e 7,3 metros de calado. Sendo um navio à vela com motor auxiliar dispõe de três mastros: (traquete - 50 m), (mastaréu - 54 m), (mezena - 43 m) e (gurupés - 18 m), este último muitas vezes considerado o "quatro mastro" dos veleiros. No total pode hastear até 24 velas que lhe conferem uma área vélica de 2,800 metros quadrados.
Curiosamente o navio consegue atingir velocidades superiores à vela (recorde: 14,6 nós) do que as duas máquinas FIAT Marelli Diesel, capazes de produzir 3,000 c.p. possibilitando uma velocidade média de 12 nós.
No que toca à guarnição, o número regular ronda os 278 elementos, sendo que nas campanhas de instrução da Academia Naval esse número pode subir para os 480, englobando cadetes e orientadores.
Tal como é possível constatar na maioria dos grandes veleiros, símbolos de uma nação, o seu interior está imaculadamente bem preservado, pelo que as decorações e detalhes nos tombadilhos exteriores fazem as delícias de quem tem a excelente oportunidade de visitar estas relíquias flutuantes.
Destaque para as ornamentações da proa e da popa, feitas em madeira e revestidas por folha de ouro puro, incluindo a figura de proa dedicada ao seu patrono, o navegador e cartógrafo italiano Amerigo Vespucci (1454-1522).
Após uma estadia de 4 dias no Funchal, o AMERIGO VESPUCCI largou na manhã do dia 10 de Maio, novamente debaixo de aguaceiros e com 20 dias de mar pela frente, até à sua chegada a Hamilton no próximo dia 30.
À noite os mastros ficam iluminados com as cores da bandeira italiana, uma característica bastante singular.
Fotografias da autoria de João Abreu, salvo referência contrária. 
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